terça-feira, maio 31, 2011

Museu Elizabeth Aytai

Por Stephânia Walker

O Museu Elizabeth Aytai completou 22 anos no dia 05 de novembro 2010. Apesar da aparência discreta - o museu encontra-se em uma distinta casa no centro de Monte Mor, porém sem identificação pode-se passar despercebido pelo local - o acervo conta com mais de 8.000 peças em exposição permanente. A principal atividade do museu é organizar exposições de objetos encontrados em escavações, já que a cidade está localizada no centro arqueológico da região, onde ainda hoje são encontradas peças de grande valor cultural.

No museu existe um corredor central onde estão expostos objetos e fotografias doados por pessoas da cidade; há uma sala que é chamada Sala Transitória, onde de 4 em 4 meses toda exposição é trocada, no momento o tema é sobre a tecelagem indígena. Todo processo está registrado por meio de fotografias, desenhos e objetos como o tear indígena, algodão natural em vários estágios e outros materiais usados para confeccionar redes e adereços em geral. Em outra sala estão expostos objetos de 2 tipos de cultura indígena, os Caçadores-coletores e os Ceramistas.

Os Caçador-coletor locomovem-se muito rápido, pois são predadores e não estabelecem moradia permanente. Ficam alguns meses na região, pescam, caçam enquanto há alimento e saem à procura de outra região produtiva; não exercem a agricultura. Outra característica é que não fazem grandes aldeias, porque assim o alimento acaba mais rápido, vivendo, portanto em pequenos grupos. No museu existem lanças, pontas de flecha, e outras armas feitas de pedra pelos índios que passaram pela região.

Os Ceramistas viveram aqui há cerca de 1.000 anos deixando resquícios de uma cultura muito rica e inteligente. Eles estabelecem moradia fixa e exercem a agricultura. Receberam esse nome “ceramista” porque trabalham o barro fazendo panelas, utensílios em geral e até urnas para enterrar os mortos, mas esta apenas para defuntos de honra, ou seja, índios com alguma posição de destaque na tribo. A peça mais importante e provavelmente de maior atrativo no Museu é uma urna que foi encontrada em 1971 durante as escavações em um sitio em Monte Mor. Dentro dela foi encontrada a arcada dentaria de uma pessoa do sexo masculino de aproximadamente 26 anos de idade. Acredita-se que ele tinha um grau de importância na tribo, pois nem todos eram todos enterrados assim.
 
O idealizador e fundador do museu, Dr. Desidério Aytai era de origem húngara, foi engenheiro-chefe da estrada de ferro húngara, depois foi convidado pela ONU para negociar todo armamento sobressaltante da II Guerra Mundial como munição, navios, jipes de outros países na Europa. Mas sua grande paixão era a antropologia. Como ele mesmo deixou escrito em sua autobigrafia “Não tinha curso para formar antropólogos naquela epoca, portanto tive que seguir parte de vários cursos para minha formação. Sou antropólogo livre-docente e adquiri também diploma de Engenharia Mecânica, esta última não por interesse intelectual, mas para ganhar dinheiro e gastá-lo para pesquisa antropológica. Expedições, viagens custam muito.” Interessado em estudar a cultura indígena, chegou no Brasil em 1948, e começou pelos índios Sambaquis no litoral Sul Paulista. Em 1963, foi convidado pela Universidade Católica de Campinas (PUCC) a ocupar a cadeira de Antropologia nos três primeiros anos no curso de Ciências Sociais, e aceitou. Anos mais tarde fundou na PUCC a Faculdade de Engenharia, sendo o primeiro diretor da mesma.
 
Durante anos de pesquisa, Dr. Desiderio visitou as tribos dos Xavantes, Bororo, Paressi, Guarani, Karajá, Halótessu da Serra Azul, Sararê, Galera, Mamaindê, morando com eles durante semanas e às vezes meses, sempre acompanhado de sua esposa Elizabeth Aytai, que o auxiliava nos registros de imagens, sons e anotações, mas veio a falecer em 1990, aos 84 anos de idade.

Alguns dos principais museus que o Dr. Desiderio contribuiu foram o museu da Smitasonian Institution em Washington D.C., no Musée de l´Homme em Paris, no museu do Vaticano em Roma, fundou o Museu Histórico de Paulínia, além é claro, o Museu Elizabeth Aytai.

Dr. Desiderio faleceu em Monte Mor no ano de 1998 com 93 anos, seu sonho era morrer no museu, não aconteceu, mas trabalhou até seus últimos dias de vida.
O Museu encontra-se na Rua Siqueira Campos, 196 no centro de Monte Mor.

 Sala de exposição
 Sala de exposição
 Urna indígena

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