terça-feira, março 22, 2011

Feliz Ano Velho



FERNANDO SILVA
Não há como se lembrar de 2010, sobretudo do segundo semestre acadêmico, com certa ponta de decepção. O período foi marcado pela greve justíssima dos professores que, sem salário, não tinham razão, nem motivação para dar aula. Nós, os alunos, compreendemos a situação caótica em que a faculdade se encontrava, e de maneira decisiva, apoiamos o movimento pelo restabelecimento da ordem natural das coisas, ou seja, professor recebe, dá aula satisfeito, e o aluno aprende, tendo automaticamente o retorno do suado dinheiro investido todo mês.

Graças à pressão popular — e também da imprensa —, aos poucos, os professores (em teoria) voltaram a receber, o que garantiria assim um bom e animado retorno às aulas. Certo? Errado. O fato é que a motivação de todos nós foi por água abaixo por conta da indiferença da direção da faculdade para conosco. O que ficaram foram promessas de uma administração melhor e mais atenta aos anseios dos alunos e também dos professores. Os discentes já vislumbravam um Ano Novo com boa dose de otimismo. ‘Que venha 2011’ era o lema entoado em verso e prosa por todos nós.

E então, veio 2011. Mas nada mudou. Ou se mudou, foi para pior. O reencontro com a faculdade, o meu, particularmente, foi parecido com um rali. O estacionamento da UNIESP era a reprodução autêntica de um pântano ou de uma savana africana, e buscava entender como faria para desbravá-lo, missão possível talvez somente com um cortador de cana. O banner, ou o esqueleto do banner, usado para divulgar o nome da faculdade, não tem nome nenhum, não tem nada, a não ser mesmo um esqueleto. O cenário externo era desolador, mas nossa aula é lá dentro, pensei. Após superar o desafio externo de chegar à sala, era chegada a hora de ter aula. Aula? Que aula?

2011 é uma repetição do ano passado. A já parca estrutura disponível para o curso de jornalismo ficou ainda mais precária depois da saída do editor de som e imagem, nos deixando na penumbra da dúvida sobre as matérias de tele e rádiojornalismo. A crise financeira (ou seria simplesmente falta de vergonha na cara da direção da faculdade?) gerou a perda de ótimos mestres ao longo dos últimos 12 meses. E esse é só um exemplo do descaso que torna a perspectiva sobre esse Ano Novo semelhante à desanimadora retrospectiva de 2010.

A promessa da cúpula da UNIESP de não deixar o curso de jornalismo esquecido vai ficando para trás. Somos apenas seis ou sete — alunos do 5º Semestre —, o que talvez não queira dizer nada para a direção da faculdade em termos monetários. Alguém poderia dizer: “Eles [nós] não dão retorno financeiro.” Entretanto, assinamos um contrato, e esse deve ser cumprido à risca: pagar para receber ensino SUPERIOR digno. Se as condições não são executadas como se deve, façamos um acordo então: sem aula, sem mensalidade.

O quadro é lamentável, mesmo, mas pode até piorar, embora este não seja nem de longe o nosso desejo, particularmente, o meu. Mas a preocupação é mais além. O que será do futuro desses seis ou sete alunos daqui até o fim do curso em 2012? Também fica para trás, UNIESP?

E assim caminha a falta de bom senso e a mediocridade.

Em tempo: depois de um mês perdido, a direção da UNIESP resolveu se mexer. Corre à boca pequena que os soldos dos professores foram devidamente pagos, embora tal informação não seja 100% confirmada ainda. As ações visíveis foram tomadas, como o corte da grama no estacionamento, a pintura do chão do pátio principal, além da reforma do banheiro do piso superior. Isso não é mérito nenhum, mas obrigação. As aulas foram normalizadas e, pelo menos por enquanto, há mais confiança na faculdade como instituição, ou menos desconfiança, talvez seja esse o melhor termo. Mas não vamos baixar a guarda e pernaceremos vigilantes. Que tal situação não volte a acontecer nunca mais e que tenhamos de pensar apenas no que temos de fazer em sala para aprender, e assim, finalmente sairmos preparados rumo ao mercado de trabalho tão difícil que nos espera.

Avante!

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