quarta-feira, setembro 01, 2010

Inferno na música: a geração perdida

A medida que a idade vem, ficamos nostálgicos. Tudo que vem do passado é bem melhor do que agora. Ainda que hoje vemos a perfeição técnica de jogos como Playstation 3 e Xbox, por exemplo, lembramos com carinho do Atari, ou do Master System, para os mais novos. Mesmo que hoje uma boa parte de nós estudantes tenhamos nosso próprio computador, ou mesmo um laptop, não há como se esquecer do Pense Bem, aquele da Tec Toy. Culturalmente é assim também. Não se fazem mais escritores como Fernando Pessoa, Machado de Assis ou mesmo o recém-falecido José Saramago. Hoje, salvo exceções, os livros são apenas bons, mas não tem mais a mesma poesia de algumas décadas atrás.

Quanto à música, é a mesma coisa. Particularmente, sou um cara eclético e gosto de escutar quase tudo. Como até já foi debatido em classe, uma das facilidades da internet foi o compartilhamento de músicas, o que permitiu um acesso muito maior do povão aos álbuns que só poderíamos adquirir a preços altos para época. E assim pude apreciar com mais atenção obras de arte de Tom Jobim, Chico Buarque (muito graças ao Claytom), Caetano Veloso, Gilberto Gil, Vinícius de Moraes, isso, só para ficar na MPB. Temos outros grandes nomes que honram a música brasileira por esse mundo, como Maria Rita, Roberto Carlos (porque não?), além do mestre Tim Maia.

Por que digo isso? Porque nos dias atuais, a música tupiniquim passa por uma grande entressafra intelectual. Claro, respeito os gostos, cada um tem o seu, mas, espere um pouco. Quando até mesmo o diretor de um dos prêmios musicais mais respeitados do Brasil pede demissão por causa do nível dos premiados, é porque a coisa anda preta, bem preta. Enfim, um cara de coragem, ou de "saco roxo", como diria outro.

O fato aconteceu logo após o 17º Prêmio Multishow. O diretor Guilherme Zonta pediu demissão logo após a "festa" que premiou "ótimas" bandas como NX Zero, Restart e Fresno. Decepcionado com o resultado da premiação, e mais ainda, com o nível dos premiados, Zonta deixou a casa. Atitude corajosa, digna de um cara de opinião, que abriu mão de um salário provavelmente polpudo, por não concordar com a onda comercial e medíocre que invade a música nacional.

Infelizmente, o gesto de Guilherme soa como um grão de areia na praia. A geração está mesmo perdida. Veja a fala de um zé ruela do Restart, quando foi questionado sobre a decisão do agora ex-diretor. "Somos a salvação do rock! Não sei o porque de tanta má vontade com a gente! Somos os Beatles do ano 2000! Além de sermos um bando de jovens com fãs histéricas, também temos 300.000 seguidores no Twitter".

Acho que John Lennon revirou no túmulo depois dessa. Que seja uma onda passageira, para o bem da cultura, e principalmente dos ouvidos da nova geração. Como diria Chico Lang, e assim caminha a mediocridade.

Fernando

Um comentário:

  1. Pois é amigos e assim caminha a humanidade e depois os caras tem a cara de pau de perguntar o pq de tanta má vontade com eles pq será não é mesmo?

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