Senna quebrou jejum de vitórias no Brasil ao vencer em São Paulo na pista cuja curva mais famosa leva seu nome |
FERNANDO SILVA
Há duas décadas, Ayrton Senna conquistava aquela que seria uma das vitórias mais dramáticas de sua consagrada carreira. No dia 24 de março de 1991, o então piloto da McLaren cruzou a linha de chegada do GP do Brasil, realizado em Interlagos, na primeira posição, após conviver com problemas crônicos no sistema de câmbio semiautomático do MP4-6. Ainda assim, apenas com a sexta marcha, Senna alcançou uma vitória histórica diante de 70 mil torcedores, vitória que seria decisiva para a conquista do tricampeonato no fim daquele ano.
A etapa brasileira fora a segunda do Mundial de 1991. Ayrton venceu antes o GP dos Estados Unidos, realizado nas ruas de Phoenix, cidade cravada no deserto do Arizona. Senna chegou ao Brasil como franco favorito, já que Alain Prost capengava com a Ferrari 642. A Williams, ao contrário, estava em franca ascensão com Nigel Mansell e Riccardo Patrese, mas o piloto da McLaren de número 1 sobrou desde o início das atividades em Interlagos nos treinos de sexta.
A força de Senna ficou evidente na classificação, quando o brasileiro conquistou a pole de maneira absoluta, sendo quase 0s4 mais rápido que Patrese. Mais atrás, Mansell — aquele que viria a ser seu grande rival em 1991 — faturou a terceira posição do grid, tendo o companheiro de Ayrton, Gerhard Berger ao seu lado. Na terceira fila, largou a dupla da Ferrari, com Jean Alesi à frente de Prost, que foi seguido pelo duo brasileiro Nelson Piquet, com a Benetton, e Maurício Gugelmin, com a Leyton House. Companheiro de Piquet, Roberto Moreno largou em 14º.
O clima nas arquibancadas era de absoluta certeza da vitória de Senna. Jamais o piloto havia vencido no Brasil. Seu melhor resultado aconteceu em 1986, quando ainda defendia a Lotus. Naquela oportunidade, Ayrton foi superado por Nelson Piquet em Jacarepaguá. Mas o grande revés do brasileiro aconteceu em 1990, quando viu seu maior rival e então campeão mundial Prost subir no alto do pódio em São Paulo, enquanto Senna teve de se contentar com a terceira posição.
Supremo no início da temporada, o piloto sabia que tinha a grande chance de se consagrar no Brasil. Ayrton largou bem em Interlagos e manteve a primeira posição sem ser ameaçado pelos rivais da Williams, que inverteram as colocações, com Mansell tomando o segundo posto de Patrese. Desde o princípio da corrida, o ‘Leão’ foi o maior oponente de Senna, que mostrou força com o FW14.
Embora sempre próximo de Senna, jamais o britânico chegou a esboçar uma ultrapassagem sobre o então bicampeão do mundo. As chances de Nigel em buscar a ponta praticamente se extinguiram no primeiro pit-stop na volta 25. Após a troca de pneus, o ‘Cinco Vermelho’ não conseguiu engatar a primeira marcha, e sua parada durou eternos 14s59, perdendo a segunda posição para Patrese e a terceira para Alesi.
Mas tão logo o veterano italiano da Williams de número 6 foi aos boxes, Mansell voltou à segunda colocação, mas já estava longe de Senna, que reinava soberano na ponta. Na tentativa de diminuir a vantagem para o brasileiro, Nigel estabeleceu sucessivas voltas rápidas, mas desgastou os pneus da Goodyear, sendo necessário mais um pit-stop, praticamente sepultando suas chances de vitória. Na volta 60, com problemas no câmbio, o britânico rodou no S do Senna e abandonou a prova. Era a senha para uma mais uma vitória fácil de Senna. Mas foi exatamente o contrário.
O abandono de Mansell coincidiu com a perda sucessiva de marchas do carro da McLaren nas dez voltas finais do GP do Brasil. A imensa vantagem de quase 40s para Riccardo foi pulverizada, já que o italiano andava sempre 3s, 4s mais rápido que Ayrton. A falha no câmbio atingiu o limite quando o carro do brasileiro ficou apenas com a sexta marcha disponível, causando um esforço tremendo, tanto em termos físicos quanto psicológicos, para tentar manter o bólido em um ritmo aceitável e à frente do rival da Williams.
Senna conseguiu amenizar o desempenho superior de Patrese e ainda contou com a chuva, como aliada no final da prova. Após 1h38min28s, o brasileiro cruzou a linha de chegada em Interlagos a meros 2s991 do italiano, causando uma verdadeira festa, não apenas no circuito paulistano, mas em todo o Brasil. Senna comemorou muito sua primeira vitória aos berros. “Eu não acredito, eu não acredito”, bradou. Esgotado, Ayrton mal conseguiu completar a volta de comemoração, estacionando seu McLaren na Reta Oposta, e foi trazido de volta aos boxes pelo carro da organização da corrida.
No pódio, Ayrton deu mais sinais de seu cansaço. No lugar de honra, o piloto ergueu, com muito sacrifício, o troféu destinado ao vencedor. A consagração veio com o banho de champanhe dado pelos companheiros de pódio, Patrese e Berger. Já na entrevista concedida após o encerramento da prova, Senna dedicou o resultado aos céus. “Foi Deus”.
Há duas décadas, Ayrton Senna conquistava aquela que seria uma das vitórias mais dramáticas de sua consagrada carreira. No dia 24 de março de 1991, o então piloto da McLaren cruzou a linha de chegada do GP do Brasil, realizado em Interlagos, na primeira posição, após conviver com problemas crônicos no sistema de câmbio semiautomático do MP4-6. Ainda assim, apenas com a sexta marcha, Senna alcançou uma vitória histórica diante de 70 mil torcedores, vitória que seria decisiva para a conquista do tricampeonato no fim daquele ano.
A etapa brasileira fora a segunda do Mundial de 1991. Ayrton venceu antes o GP dos Estados Unidos, realizado nas ruas de Phoenix, cidade cravada no deserto do Arizona. Senna chegou ao Brasil como franco favorito, já que Alain Prost capengava com a Ferrari 642. A Williams, ao contrário, estava em franca ascensão com Nigel Mansell e Riccardo Patrese, mas o piloto da McLaren de número 1 sobrou desde o início das atividades em Interlagos nos treinos de sexta.
A força de Senna ficou evidente na classificação, quando o brasileiro conquistou a pole de maneira absoluta, sendo quase 0s4 mais rápido que Patrese. Mais atrás, Mansell — aquele que viria a ser seu grande rival em 1991 — faturou a terceira posição do grid, tendo o companheiro de Ayrton, Gerhard Berger ao seu lado. Na terceira fila, largou a dupla da Ferrari, com Jean Alesi à frente de Prost, que foi seguido pelo duo brasileiro Nelson Piquet, com a Benetton, e Maurício Gugelmin, com a Leyton House. Companheiro de Piquet, Roberto Moreno largou em 14º.
O clima nas arquibancadas era de absoluta certeza da vitória de Senna. Jamais o piloto havia vencido no Brasil. Seu melhor resultado aconteceu em 1986, quando ainda defendia a Lotus. Naquela oportunidade, Ayrton foi superado por Nelson Piquet em Jacarepaguá. Mas o grande revés do brasileiro aconteceu em 1990, quando viu seu maior rival e então campeão mundial Prost subir no alto do pódio em São Paulo, enquanto Senna teve de se contentar com a terceira posição.
Supremo no início da temporada, o piloto sabia que tinha a grande chance de se consagrar no Brasil. Ayrton largou bem em Interlagos e manteve a primeira posição sem ser ameaçado pelos rivais da Williams, que inverteram as colocações, com Mansell tomando o segundo posto de Patrese. Desde o princípio da corrida, o ‘Leão’ foi o maior oponente de Senna, que mostrou força com o FW14.
Embora sempre próximo de Senna, jamais o britânico chegou a esboçar uma ultrapassagem sobre o então bicampeão do mundo. As chances de Nigel em buscar a ponta praticamente se extinguiram no primeiro pit-stop na volta 25. Após a troca de pneus, o ‘Cinco Vermelho’ não conseguiu engatar a primeira marcha, e sua parada durou eternos 14s59, perdendo a segunda posição para Patrese e a terceira para Alesi.
Mas tão logo o veterano italiano da Williams de número 6 foi aos boxes, Mansell voltou à segunda colocação, mas já estava longe de Senna, que reinava soberano na ponta. Na tentativa de diminuir a vantagem para o brasileiro, Nigel estabeleceu sucessivas voltas rápidas, mas desgastou os pneus da Goodyear, sendo necessário mais um pit-stop, praticamente sepultando suas chances de vitória. Na volta 60, com problemas no câmbio, o britânico rodou no S do Senna e abandonou a prova. Era a senha para uma mais uma vitória fácil de Senna. Mas foi exatamente o contrário.
O abandono de Mansell coincidiu com a perda sucessiva de marchas do carro da McLaren nas dez voltas finais do GP do Brasil. A imensa vantagem de quase 40s para Riccardo foi pulverizada, já que o italiano andava sempre 3s, 4s mais rápido que Ayrton. A falha no câmbio atingiu o limite quando o carro do brasileiro ficou apenas com a sexta marcha disponível, causando um esforço tremendo, tanto em termos físicos quanto psicológicos, para tentar manter o bólido em um ritmo aceitável e à frente do rival da Williams.
Senna conseguiu amenizar o desempenho superior de Patrese e ainda contou com a chuva, como aliada no final da prova. Após 1h38min28s, o brasileiro cruzou a linha de chegada em Interlagos a meros 2s991 do italiano, causando uma verdadeira festa, não apenas no circuito paulistano, mas em todo o Brasil. Senna comemorou muito sua primeira vitória aos berros. “Eu não acredito, eu não acredito”, bradou. Esgotado, Ayrton mal conseguiu completar a volta de comemoração, estacionando seu McLaren na Reta Oposta, e foi trazido de volta aos boxes pelo carro da organização da corrida.
No pódio, Ayrton deu mais sinais de seu cansaço. No lugar de honra, o piloto ergueu, com muito sacrifício, o troféu destinado ao vencedor. A consagração veio com o banho de champanhe dado pelos companheiros de pódio, Patrese e Berger. Já na entrevista concedida após o encerramento da prova, Senna dedicou o resultado aos céus. “Foi Deus”.
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