quarta-feira, novembro 24, 2010

Depressão: o inferno desse século

ELISANGELA CARRENHO

Atualmente cada vez mais pessoas sofrem de depressão, transtornos de ansiedade e de humor, síndrome do pânico, dentre outros. Apesar de haver certa influencia genética, os psiquiatras e psicoterapeutas são categóricos ao afirmar que mais de 90% das causas de desencadeamento desses transtornos são os fatores estressantes que existem na vida das pessoas. 

Considerando que vivemos em uma sociedade individualista e competitiva, onde o valor atribuído a alguém é atrelado ao seu sucesso profissional, patrimônio, status social e beleza, aqueles que não conseguem corresponder a essas exigências, são rechaçados pela sociedade.

Todo ser humano tem a necessidade de se sentir aceito e valorizado. A resposta que temos das pessoas ao nosso redor serve como parâmetro para nossos atos, para percebemos se estamos agindo certo. Assim, é com base nessa "resposta" que formulamos um conceito sobre nós próprios, a nossa identidade, a nossa auto-estima. Se todos dizem sempre que sou linda, me acho bonita, e isso me dá satisfação, e assim por diante.

A necessidade natural de se sentir parte da sociedade, aceito e valorizado, é que gera angústia quando não correspondemos às expectativas sobre nós. Por isso, muitas vezes permanecemos em um emprego que odiamos por ocupar um cargo almejado, ou para ter uma remuneração maior, mesmo que a gente não precise de toda aquela quantia para viver bem. Assim como nos endividamos e aborrecemos para ter aquela bolsa caríssima ou andar em um carro importado.

São os valores da nossa sociedade. E sem perceber acabamos adotando eles. Adoecemos para ter mais dinheiro e bens que muitas vezes não precisamos, perdemos a paz para conseguir algo completamente dispensável, mas que todos acham legar ter. Abrimos mão do nosso caráter para entrar em negociatas, perdemos amizades para ganhar uma promoção. 

Mas nunca estamos satisfeitos. Por mais que tenhamos, sempre falta algo. Há uma eterna frustração. Daí surgem as nossas angústias, ansiedades, depressões.

Os orientais têm valores completamente opostos. Primam pela paz interior. Vivem felizes com pouco enquanto no ocidente vivemos infelizes com muito. 

Devemos nos observar para saber exatamente o que nos angustia e analisar se aquilo é realmente essencial para a gente. A mudança de valores e a busca de novas formas de ser relativiza a opinião dos outros sobre nós. Adquirimos consciência do que somos, do que queremos e por que queremos. É necessário separamos nossa identidade das expectativas dos outros, e assim sofremos menos. Não colocarmos nossa auto-estima na mão de ninguém. Precisamos também ter consciência das nossas qualidades e do que temos que melhorar, pois desta forma, uma crítica passa a nos fazer refletir e não a nos abalar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário